quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Medo do Escuro

Sou um cara muito corajoso. Não sou de ter medo de qualquer coisa, não. E quando acontece de eu ficar meio assim com alguma coisa, Papai ou Mamãe estão sempre me mostrando que está tudo bem. Mas ontem senti medo. E abri o jogo.

Sempre quando Mamãe chega do trabalho, ela sai comigo andar pelas calçadas do bairro. Ontem estava bem gostoso e saímos andar. Acho muito legal andar pela calçada e com isso aprendi muitas coisas:
- Não se deve andar na rua. A rua é para os carros.
- Devemos andar na calçada e na calçada. Senão o carro pega e machuca.

Mamãe sempre me convida para irmos andar na rua, e respondo isso para ela, ela acha lindo e diz: “Isso mesmo... você é muito esperto!”.

- Outra coisa legal que aprendi, é que quando vamos atravessar a rua, tem um botão perto de onde vamos atravessar. Se apertamos o botão e esperamos um pouquinho, o bonequinho do outro lado da rua fica verde e podemos passar. Mas só quando o bonequinho está verde. Mamãe até brinca em querer atravessar quando ele está vermelho, mas eu não deixo. É engraçado que é só o benequinho ficar verde que todos os carros param e a gente pode passar. ‘Quase’ todos os carros obedecem o bonequinho. Tem uns teimosos. Ontem mesmo, esperamos um tempão o bonequinho mudar de cor, e quando já estávamos quase na metade da travessia, um carro passou. Mamãe deu bronca no homem que dirigia o carro, e ele se foi. Mamãe ficou brava! Eu também!

- Outra coisa que aprendi, é que quando  estamos no carro, não olhamos o bonequinho, olhamos a bolinha. Se ela está verde, a Mamãe ou Papai podem dirigir. Se está vermelha, eles param e esperam mudar de cor. Sendo assim, se estamos a pé, olhamos o bonequinho; se estamos de carro, olhamos a bolinha. Verde, significa que podemos andar. Vermelho, esperar!

Demos uma passada no mercado, e Mamãe não deixou eu olhar os brinquedos que tem por lá por muito tempo. Ela disse que eu já tinha visto o suficiente, e que eu não levaria nenhum hoje, pois ontem ela deixou eu levar uma gatinha. Saí de lá chorando, pois eu queria ver mais. Fomos até a farmácia e no caminho, ela fez eu ouvir um barulho que eu nunca havia me dado conta: Grilos. Passamos numa árvore e o barulho era bem alto. Ela explicou que ele era bem pequeno e sentia medo da gente, por isso se escondia. EU é que fiquei com medo de todo aquele barulho. Fomos para casa falando sobre grilos e eu fiquei ouvindo que em todo canto havia um fazendo barulhinhos.

Em casa, ouvi que tinha algum perto. Fiquei com medo. Mamãe tentou me tranquilizar dizendo que ele é amigo, e estava lá fora. Rá! Se fosse amigo estaria ali dentro e brincando comigo. Não me convenceu e fiquei com medo.
Mamãe disse para eu ir lá no meu quarto pegar meus dragões para a gente brincar. Não consegui. Olhei meu quarto todo escuro, e por mais que eu saiba acender a luz, algo me impediu de ir. O medo.
Olhei para a Mamãe apreensivo e não fui. Ela perguntou o que aconteceu. Respondi: “Mamãe, estou com medo.” Não lembro de ter dito isso em algum dia. Nunca senti nada igual. Nunca fiquei colado no chão sem conseguir ir a algum lugar sozinho. Por medo de chegar lá e encontrar alguma coisa no escuro. Medo do escuro. Medo do grilo. Medo.
“ Medo? Medo de quê, Dudu”, Mamãe perguntou. “Medo do escuro”. Respondi. Eu não sabia bem do que eu tinha medo. Mas quando olhei o quarto escuro foi o que eu senti. Ela me pegou pela mão e disse que eu não precisava ter medo. Ela ia comigo pegar os dragões e me mostraria que não tinha nada no quarto que eu precisasse ter medo. Chegando lá, eu não senti mais medo. Liguei a luz, e realmente não havia nada que eu precisasse temer.

Pegamos os dragões, voltamos para a sala, e brincamos. Esqueci o medo, esqueci o grilo, e me senti mais forte.

Realmente no escuro não tem nada. Mas só vemos isso quando acendemos a luz.
Será que o que tem no escuro, tem medo da luz?

4 comentários:

Re disse...

Dudu, vc eh muito lindo...sabe, nao tem problema algum em ter medo as vezes, o que na pode eh deixar o medo te paralisar...como diz a musica do Cocorico, o contrario do medo eh coragem, eh preciso ter coragem para ver que na ha nada a temer no escuro.

Fer disse...

É verdade Tia Re... faz muito tempo que não ouço meu DVD do Cocoricó.... vou pedir para a Mamãe colocar para mim!
Obrigada pela dica!
Beijinhos,
Dudu

Anônimo disse...

Dudu eu também tenho medo do escuro às vezes...

Fer disse...

Sério tia Ju? ufa! Assim não me sinto tão envergonhado!
Obrigada pelo apoio!
Beijinhos,
Dudu

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